A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), o Grupo Pela Vidda do Rio de Janeiro e o Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo enviaram na sexta-feira passada uma carta aos jornalistas com críticas aos gestores públicos que atuam contra as DST/aids.
Com o título “Carta Aberta à sociedade”, o documento destaca o recente desabastecimento do antirretroviral atazanavir no Rio, conforme informado pela Agência de Notícias da Aids, e ironiza a fama internacional do Programa brasileiro contra a epidemia.
“Nós da sociedade civil organizada ficamos indignados com a falta de informações prévias para a população sobre o desabastecimento. É inaceitável que os usuários sejam informados apenas no balcão da farmácia. Como em outros recentes episódios similares não há esclarecimentos, muito menos pedidos de desculpas à população, sobre os desabastecimentos, que hoje já se tornaram sistemáticos. Lembremos que já é a segunda vez, somente em 2011, que falta Atazanavir na rede local e nacional”, diz o documento.
No ano passado, em sua campanha, a presidente Dilma Roussef assinou um compromisso que não haveria falta de medicamentos antiaids, mas em seis meses de governo, o problema já foi relatado duas vezes por pacientes.
Ainda segundo a carta divulgada pelos ativistas, “É inaceitável que a universalidade do acesso aos medicamentos antirretrovirais, aclamada internacionalmente como exemplo para outros países, seja colocado em risco por seus próprios gestores, que não tem conseguido nem resolver, nem explicar, nem buscar formas de evitar que o problema se repita. São esses mesmos gestores que vão à Reunião de Alto Nível sobre Aids da Organização das Nações Unidas apresentar êxitos e disponibilidades”.
Os ministros da Saúde Alexandre Padilha e das Relações Exteriores Antonio Patriota fizeram discursos exaltando os bons resultados da resposta brasileira.
Atazanavir - O antirretroviral atazanavir é protegido por uma patente de titularidade da empresa Bristol Meyer Squibb (BMS). Segundo levantamento feito pela ABIA, em 2009, o medicamento consumia 14% do orçamento direcionado à compra de ARVs no Brasil, sendo que o preço da unidade de 300mg sai por US$ 2,80 e de 200mg US$ 1,85. O preço do medicamento na versão 300mg custa US$ 1.022 por paciente por ano no Brasil.
Atualmente cerca de 40 mil pessoas tomam o atazanavir no Brasil, significando mais de 1 milhão e meio de cápsulas por mês.
A título de ilustração, o preço da versão genérica da unidade de 200mg comercializada pela empresa Matrix é US$ 0,70, um quarto do preço pago pelo Brasil, o que significa US$256 por paciente por ano no Brasil.
Governo do Rio de Janeiro alega problema local. Leia aqui.
Fonte: Dia 20/06/2011 - 11h45
Redação da Agência de Notícias – acesse link aqui
segunda-feira, 20 de junho de 2011
ONGs/aids criticam Governo por discurso ‘exemplar´ na ONU, enquanto há desabastecimentos de medicamentos no país
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