O Senegal foi o primeiro país da África subsaariana a oferecer um tratamento com antirretrovirais (Foto: Flickr) |
Em 2002, como um homem típico de classe média no Senegal, Salou orgulhava-se de sua corpulência. Mas em 2003 suas roupas começaram a flutuar em torno do corpo magro. Salou fez exames e descobriu que estava com Aids. A esposa grávida também recebeu o diagnóstico positivo de HIV. O casal foi se tratar na capital Dakar, onde ela começou a tomar medicamentos antirretrovirais para evitar a contaminação do bebê. “Graças a Deus, meu filho nasceu sadio”, disse Salou.
Infelizmente, a história do filho de Salou não é comum no continente africano. Embora as regiões central e ocidental da África tenham menos incidência de infecções pelo vírus HIV do que o sul e o leste, ainda assim têm uma alta taxa de novas infecções. No sul e leste da África, cerca de 20 milhões de pessoas são soropositivas, quase quatro vezes mais do que nas regiões ocidental e central. Cerca de 310 mil pessoas morrem de doenças relacionadas ao HIV todos os anos nas regiões ocidental e central da África. O número de mortes nas regiões leste e sul atinge 420 mil pessoas. Organizações internacionais como Unaids e Unicef não têm poupado esforços para combater a disseminação do vírus no continente africano.
O Senegal é um exemplo do sucesso das ações para deter e reverter a propagação do HIV. A prevenção e o tratamento adequados reduziram em quase três quartos as novas infecções desde 2010. Hoje, o Senegal tem apenas 0,4% de pessoas infectadas com o vírus HIV, em comparação com 4,3% nos demais países da África Subsaariana.
O Senegal foi o primeiro país da África subsaariana a oferecer à população um tratamento com medicamentos antirretrovirais em 1998, não apenas para prolongar a vida das pessoas com HIV, mas também para diminuir os casos de transmissão do vírus. Em 2003, com o apoio do governo o tratamento passou a ser gratuito.
As autoridades senegalesas eliminaram tabus sociais e estenderam o tratamento a usuários de drogas e prostitutas. A prostituição é legal no Senegal, mas o governo obriga as prostitutas a fazerem exames médicos a cada três meses. As mulheres infectadas com HIV podem trabalhar normalmente, desde que tomem os medicamentos antirretrovirais diminuindo, assim, as chances de contaminação. Como resultado, segundo a Unaids, a incidência de casos de infecção por HIV entre prostitutas caiu de 28% em 2002 para 7% em 2016.
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Fonte: Site Opinião & Notícia - Dia 13, março 2018